Soneto de aniversário

Eu, que não mais celebro aniversário;

Que fui amargo esquecido pela sorte;

Que elegi a vil Tristeza por consorte;

Que sou da felicidade, adversário:

Eu, que vago n’obscuro santuário

Pantanoso feito um réptil sem Norte;

Que anseio pela voluptuosa Morte;

Que a triste vida vê como ordinário:

Eu, que comemoro o Dois de Novembro

Como data festiva e especial,

Mais ‘té que nosso Sete de Setembro:

Eu, que em vinte e sete de Outubro qual

Cobra a pele troco, quero em Dezembro

Partir – p’ra sempre! – antes do atroz Natal!

Jack Fernandez
Enviado por Jack Fernandez em 29/10/2012
Código do texto: T3958515
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.