Soneto de aniversário
Eu, que não mais celebro aniversário;
Que fui amargo esquecido pela sorte;
Que elegi a vil Tristeza por consorte;
Que sou da felicidade, adversário:
Eu, que vago n’obscuro santuário
Pantanoso feito um réptil sem Norte;
Que anseio pela voluptuosa Morte;
Que a triste vida vê como ordinário:
Eu, que comemoro o Dois de Novembro
Como data festiva e especial,
Mais ‘té que nosso Sete de Setembro:
Eu, que em vinte e sete de Outubro qual
Cobra a pele troco, quero em Dezembro
Partir – p’ra sempre! – antes do atroz Natal!