Carta de amor (5)
Edir Pina de Barros
Eu li a tua carta, que respondo agora
neste momento de silêncio – estou mais só -
lá fora já desponta a purpurina aurora,
e ciscam, no quintal, filhotes de socó;
está viçando tudo no terreiro afora,
pipilam no arvoredo anu, japu, jaó
e mais além, o bem-te-vi e chororó
e, de saudade, teu cachorro uiva e chora;
a chuva tem molhado as roças e as campinas,
e no cerrado s’ abrem flores pequeninas,
que soltam seus aromas, perfumando o ar;
o rio está mais cheio e sobem matrinxãs
buscando seus berçários. Todas as manhãs
eu fico na janela, sempre a te esperar.
© registrado no Escritório de Direitos Autorais
Imagem: japu, acervo Wikimedia Commons