Soneto encantado

De tanto divagar por aí

sonhando com o teu encanto

fiquei cansado e quase caí

no chão que há-de enxugar-me o pranto...

Neste chão que me há-de abraçar

nesta terra onde me vão esquecer...

Assim como eu sonho entrar

nos vãos do teu corpo onde podia morrer...

Nos teus vãos de doçura

nas tuas fendas de licor

nos teus seios, onde a amargura

Se transforma num néctar de amor...

És fonte de devaneios e sabores

És a tela onde pinto as minhas cores...

Jacinto Valente
Enviado por Jacinto Valente em 27/02/2007
Reeditado em 17/02/2021
Código do texto: T395500
Classificação de conteúdo: seguro