Penumbra
Rasga-me o peito essa vil tristeza
Vergasta minh’alma esse sentimento ruim
E os sonhos que outrora realizaria com certeza
Vejo, pouco a pouco, chegarem ao fim
Cravou-se em mim uma espada flamejante
E meu corpo se tornou um gélido jazigo
Em cuja escuridão habita um ser errante
Que busca nada mais do que um abrigo
Não vejo mais a luz que me iluminava o caminho
A mesma luz que me apontava o certo itinerário
No qual parecem subsistir tão somente espinhos
E esse ser que ora se me vislumbra
Faz-me das sombras refratário
E faz de meu ser penumbra.