Busca do coração
Nos corredores espirais da memória
Acendi a chama da minha história.
Nas paredes, marcas de processos
Amiúdes e infinitos de mim mesma,
Por onde me apago e me reinvento.
Em cavernas anacrônicas, no escuro,
Achei momentos reprimíveis do meu eu.
Em velhas passagens, luzes se dissipavam.
Em novos portais vi estonteantes sóis,
Enquanto torrentes de livres revelações
Cintilavam disputando os espaços,
Onde se imprimiam pensamentos vagos.
Em certos becos, meus avós falecidos,
Sorriam, e vários cheiros inebriavam.
Por onde Deus me tocara, flores e luzes
Flutuavam... Mas, percorri e percorri...
Foram meandros, enfim, parei e visualizei
Aliviada, o rastro de sangue seco,
Sangue vinho que esguichara de feridas,
Antigas batalhas e angústias soterradas,
Estátuas de chagas agora curadas.
Dentre estes escombros, um velho tratado.
Eis a receita que queria, desejava,
Como o fogo anseia pelo ar para viver.
Vou ler como fiz e de novo eu o farei:
Reverterei esse vil golpe que me acometeu.
Esta reviravolta, dura, quase fatal,
Em calmaria de rios de águas suaves,
Que incisivas, inundarão este vil arsenal.
Sobreviverei!