A NOITE
Dorme a cidade, e eu fico desperta.
Luzes se acendem sobre meu sentir,
ouvem-se grilos, como num alerta,
a despertar prazer no refletir.
Por sobre a terra toda recoberta
de nuvens densas prontas a fluir,
aponta a praia, hoje, tão deserta,
de vagas ondas, tontas a rugir...
Dorme a cidade, em minha rede eu deito,
dando vazão à sede do meu peito
que quer saber de tudo quanto existe...
Olho pro céu, em tudo tão perfeito,
vejo descrente, em modo contrafeito,
que, nesta noite, a lua está mui triste...