Homenageando Arlete Nogueira.
Arlete Nogueira da Cruz (Maranhense)
A velha cata os pertences no quarto que exibe a sua miséria.
A sacola esconde improvisos da vida e ganhos equivocados.
A rua se reserva precária aos passos vacilantes, entre lembranças.
A pobre mulher sai maltrapilha, sem pressa, carregando brio e saudade.
Estes são os primeiros versos do livro-poema LITANIA DA VELHA, de Arlete Nogueira da Cruz (São Luis, 2008) já em sua quinta edição, agora como um volume de uma caixa contendo também o livro “Trindade Dantesca” do seu esposo, poeta Nauro Machado e um DVD com dois curta-metragens. O curta “Litania da Velha”, de Frederico Machado (1977) ganhou prêmios nacionais e internacionais.
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(Meu soneto inspirado em seu belo poema e, em especial, no verso entre aspas, que abre o meu soneto)
“A sacola esconde improvisos da vida e ganhos equivocados”,
Os dias passados, o mapa riscado, resta-me, nos caminhos dos dias
Plantar simpatias. Eu que, em meus favores, fiz aos amores meus fados
Vi meus trocados fugirem do bolso. Eu improvisei alvoroços, folias.
Sobraram as manias que o tempo ensina e que, como sina, dispensam mestrados
E assim levo os fardos que a vida enseja e nessa peleja eu procuro o Ás
As cartas na mesa, meus dados rolando, os dias passando em tantas porfias
Para as vias da paz. Ademais, meus ganhos e perdas seguem empatados.
Eu vou pelos lados, no meio, nas pontas, topando as afrontas do meu calendário,
Esperto ou otário, displicentemente, pisei nos dormentes dos trilhos da vida
Sangrei a ferida, ponteei o corte, eu driblei a morte, inda estou no páreo!
Abri o relicário, paguei as promessas, a vida quer pressa, vejo o fim da estrada,
Sem querer mais nada, guardei minha espada, a fúria domada vou indo
Curtindo o que resta, olhando na fresta o bom que passou e: Rindo.
Josérobertodecastropalácio