TEMPO DE SORTILÉGIO * Louvor da Poesia
Aqui, subindo a pulso a corda imensa
que dizem ter no cimo a Poesia.
A Poesia amada que, suspensa,
tão longe está de quem tanto porfia!
Que valha por conforto a tentativa,
se quanto posso dar tão pouco vale.
Se quanto mais a busco, mais se esquiva,
será porque deseja que eu me cale?
Calar-me é desistir dos horizontes
e pôr na mesa a fome em vez de pão;
é recusar à sede as claras fontes
que brotam numa bênção deste chão.
Talvez eu seja presa do delírio,
mas sempre a bendizer o meu martírio...
José-Augusto de Carvalho
22 de Outubro de 2012.
Viana+Évora*Portugal