Ó doçura! Ah soneto!
Se sois louca com malícia no aroma
Sois divina e clemente; um cristal!
Tens delírio na cisma; olor em soma.
Fragrância que expele todo o mal!...
Se sois bendita na rima que doma;
Sois malcriada no leito e no sarau
Tens colírio que impele meu diploma;
Em abundância, de jeito magistral!
P’ra ti, poeto com pintura; Ah soneto!
Perco-me em tua leitura; quieto;
Num sintoma luxuoso... que cura!...
Em ti; faço doma; beijo concreto;
Ah; viajo tua alvura, mui discreto,
...e penso: Meu Deus! Mas que doçura!...
(Airton Ventania)