Nauta copioso

Se pudéssemos colher as nossas lágrimas

Em um lugar, para mostrar o nosso choro;

Garanto que da plateia ouviríamos o coro,

Surpreso de quanto são as nossas lástimas.

Porque daria para se criar quase um mar,

Com toda a água que dos olhos verteram;

E que de todas as felicidades nos oneram,

Vivendo desde o dilúvio sempre a cismar.

Quantas vezes, apenas a menor lembrança

Desencadeou a tempestade, e, igual criança,

Em prantos, sôfrego, se pôs fim a bonança.

Ainda choro, bem baixinho, quase calado,

Para eu não ser mais da plateia aclamado;

Ansioso de no nosso mar morrer afogado.

Le Roy
Enviado por Le Roy em 18/10/2012
Reeditado em 18/10/2012
Código do texto: T3938589
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