Nauta copioso
Se pudéssemos colher as nossas lágrimas
Em um lugar, para mostrar o nosso choro;
Garanto que da plateia ouviríamos o coro,
Surpreso de quanto são as nossas lástimas.
Porque daria para se criar quase um mar,
Com toda a água que dos olhos verteram;
E que de todas as felicidades nos oneram,
Vivendo desde o dilúvio sempre a cismar.
Quantas vezes, apenas a menor lembrança
Desencadeou a tempestade, e, igual criança,
Em prantos, sôfrego, se pôs fim a bonança.
Ainda choro, bem baixinho, quase calado,
Para eu não ser mais da plateia aclamado;
Ansioso de no nosso mar morrer afogado.