AQUELA LÁGRIMA QUE NÃO SECOU
AQUELA LÁGRIMA QUE NÃO SECOU
Aquela lágrima que não secou
brilha suave ainda no meu rosto,
e o sofrimento mostra o que restou
da dor atroz e tão atroz desgosto.
E nesta face que um dia brilhou,
pela alegria de um prazer suposto,
cintila o pranto que a maculou,
ainda jovem, antes do sol-posto.
E, nesta mágoa, a vida vou vivendo,
sentindo a dor, em nada, fenecendo,
na ansiedade de sofrer sozinha.
E, neste choro, eu sigo, a sós, sofrendo,
na ânsia louca de ver renascendo
toda ventura que era toda minha.
Olga Maria Dias Ferreira