Sonho
Abro o olho, abro a porta,
Abro a geladeira, abro a panela,
A língua lambe, a faca corta,
O nariz respira, o ar da janela.
Nas calçadas, nas ruas, tem muita agonia,
Os transportes, os transeuntes, sem direção,
Tudo gira numa tremenda euforia,
Com rumo ou sem rumo, meu irmão.
Cada um que nasce, é uma esperança,
Uns iniciam, outros nem tentam,
É cada desgosto que vira vingança,
Ficam nas entrelinhas muitas lembranças,
Atropelam, amontoam, lamentam...
Todos juntos no barco da criação.