NO ÚLTIMO SOPRO
A primavera passa o rio, e agora,
onde é que anda o meu João de outrora,
que de alpercatas não transpõe o rio,
largo e profundo, feito em desfio?
A primavera ainda hoje mora
do lado oposto, dês que foi embora,
então menina-moça. O tempo viu
quando ela ergueu as mãos e o chão floriu!
Triste eu contei as horas, hora a hora,
desde a primeira à última aurora,
a vida andou correndo e envelheci.
No último sopro e derradeiro instante,
ainda contemplarei - o olhar brilhante,
a antiga primavera que flori.
Em 12.06.97.