DEPOIS

Repousem no mar alto os vossos tristes olhos

Por lá esvoaçará minh’alma embalada

No verde-azul e branco, na luz da alvorada

Liberta da senda terrena dos escolhos

Serei a amante das marés que em seu langor

Cálidas vão pla minha sombra deslizando

Nua e etérea sem desejos palpitando

Livre dos tormentos da carne e do amor

Aí serei pura, o que não fui na vida

A onda, a espuma, a estrela reflectida

Airada nuvem sem destino plo espaço

Água e peixe, o elanguescer da bruma

A rósea tela do sol quando se esfuma

Num raio de lua o abandono lasso

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Carmo Vasconcelos
Enviado por Carmo Vasconcelos em 24/02/2007
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