OFÍCIO DE POETA

Silencioso e só, vai o poeta,
Na madrugada fria pela rua
Onde o clarão da lua acentua
A lascívia noturna, inquieta.

Ébrio, o poeta perde a linha reta,
Mas antes que a boêmia o destrua,
Refaz-se; já não lembra a mulher nua,
Volta pra outra, amada, predileta.

Sóbrio e sombrio, o bafo da boêmia
Sai-lhe da boca amarga o ar do vício
Misturando o prazer com agonia.

E sentindo repúdio à blasfêmia,
Entrega-se contrito ao sacrifício,
Ao impoluto ofício da poesia.
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LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 07/10/2012
Reeditado em 07/10/2012
Código do texto: T3920424
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