Meus tropeços.

Meu verso, a meu ver, contém veneno,

E em pleno dissabor é mal dosado

D’um lado é pudico, d’outro, obsceno,

E quando ameno, é meu sonho desprezado.

Desconsolado, ele me faz perder terreno,

Mas me anteno para vê-lo modificado,

Abro o cercado e em voo pleno

Vê-lo, ao menos, no alto, alado.

Tento tê-lo bem moldado, fogo e brasa,

Batendo asas a procurar espaço,

E, inverso ao que mergulhei (lagoa rasa)

Ele vaza a procura do abraço.

Meus versos: Meus segredos tão dispersos

Em palavras onde rimam os meus tropeços.

Josérobertodecastropalácio

JRPalacio
Enviado por JRPalacio em 03/10/2012
Reeditado em 12/02/2014
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