Meus tropeços.
Meu verso, a meu ver, contém veneno,
E em pleno dissabor é mal dosado
D’um lado é pudico, d’outro, obsceno,
E quando ameno, é meu sonho desprezado.
Desconsolado, ele me faz perder terreno,
Mas me anteno para vê-lo modificado,
Abro o cercado e em voo pleno
Vê-lo, ao menos, no alto, alado.
Tento tê-lo bem moldado, fogo e brasa,
Batendo asas a procurar espaço,
E, inverso ao que mergulhei (lagoa rasa)
Ele vaza a procura do abraço.
Meus versos: Meus segredos tão dispersos
Em palavras onde rimam os meus tropeços.
Josérobertodecastropalácio