VALSA

(Para Aglaure)
 
" Eu queria trazer-te uns versos muito lindos
colhidos no mais íntimo de mim..."
(Mário Quintana)
 

 
Decerto o verde fluindo dos teus olhares,
quando te vem a poesia mais sublime,
acende violino — quem toca e define
princesa dos poetas e poetisa dos altares.

 
Acende a rima, e recompõe, e comprime
singela dor entre os prazeres tão singulares;
acorda os passos da rua, os moços dos bares
— num ensaio de dança, valsa que os domine.

 
Somos os poetas seduzidos para o teu time:
no bolso, trazemos tinta; na alma, o crime:
anjos crespos, até que um ritmo nos apare.

 
Até que um verdíssimo olhar nos restaure
o varal profético nos cânticos de Aglaure:
Que não finde a dança, nem a poesia termine.





 
Milton Moreira
Enviado por Milton Moreira em 02/10/2012
Reeditado em 02/10/2012
Código do texto: T3912271
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