DONDE EU VIM

Lá das grotas donde eu vim – tão profundas grotas!

Minguado brota o vertedouro da ladeira,

Na capoeira não tem mais sete-capotas,

Calaram as notas da araponga bigorneira

Lá das grotas eu trouxe a bota e o tamanco,

Meu jeito manco tem o molde das encostas

E essa roceira modelagem do meu flanco

Sim, foi de tanto sobrepeso em minhas costas.

Lá das grotas eu trouxe o choro das cancelas

Sempre que elas se fechavam a um sem-terra

Que a motosserra esvaziou suas panelas.

Lá nas grotas, tão sozinha a saudade mora,

Cá pra cidade vem e volta todo dia,

Traz notícias de mais um que foi embora.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 24/09/2012
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