ESCRAVOS
Nos grotões escondidos da bela nação
de paisagens arbóreas, pessoas contentes,
escravizam-se os homens sofridos, tementes,
que agigantam os bens do terrível patrão.
Maltrapilhos, humanos equídeos se dão
plenamente – existência, esperanças morrentes –
por comida, aposentos imundos, carentes,
em barganhas perversas, injusto quinhão.
E os que dizem, pedantes, que sofrem de fracos
é porque não sangraram pisando nos cacos,
desconhecem o ardor de nascer condenado.
A verdade é que sempre que exibo, sustento
cada luxo, vaidade supérflua que ostento,
eu trucido o faminto e empanturro o abastado.