Esvaziado
Nada no peito a não ser uma espécie de nó,
Infelizmente eu vivo em estado digno de dó,
Pois sem seu fluxo cardíaco me jogo ao pó;
Mesmo no meio da turba eu me sinto tão só.
E nessa hora nada é digno de alguma nota,
Minha prostração em tudo é o que se nota,
Um desfile de tristeza, para quem me anota,
Verá a languidez ser meu vestido de janota.
A solidão da lua clara eu vejo já sem medo,
Porque é fato que esse é meu único enredo,
Ao qual eu me pego pensando já bem cedo.
Como meu peito virou deserto de Atacama,
Pois é nele que fica a dor daquele que ama,
Devido às saudades que tenho da tua cama.