Soneto do Amor Tardio
Quanto tempo, querida! Quantos dias
E meses e anos faz em que me ausento,
Que até das flores o perfume ao vento
Se foi, deixando as pétalas vazias!
Saber que o que senti também sentias
É que me trouxe à vida algum alento.
Ao rever-te, porém, quanto tormento...
Foi-me a paixão desfeita em utopias.
Como rosa infinita e sem abrolho,
Pensava fosse o amor quando encontrado,
Pensava mesmo, ao te deixar atrás,
Que a tudo o amor resiste. Agora, colho
Na mão a rosa que se tem murchado,
No tempo, os dias que não voltam mais.