CAMUFLAGEM
Eu queria ser assim... meio poeta!
Eu jamais me mostraria por inteiro...
Camuflar meu coração em rimas retas,
Sem os desvios do insistente devaneio.
De que me vale ser poeta por inteiro,
Se a poesia é tão somente um mero meio?
Tripudia no cenário verdadeiro...
Torna primo até o verso derradeiro!
Eu queria desistir deste meu todo
De poeta...que insiste em se mostrar,
Triturar esta essência de sufoco
Que entre rimas, sempre deixo escapar!
E ao final...ser dos meus versos o morteiro...
Dois pedaços de um só poeta ao meio.
Soneto integrante da coletânea a "Pizza Literária", SOBRAMES/2006
SP, 29/09/2006