Verdade

Dirás se de ti mereço – Piedade?

Apetecida resposta, um vestígio.

Alguém pode concebê-la por litígio?

Por que foges se a busco, Verdade?

Mil murmúrios rodeiam-me, ociosos:

Tu precisas persegui-la com porfia!

Eu indago ao meu intento: Não confia,

No revérbero destes olhos lacrimosos?

Se poucos justos ébrios vejo em vida,

Outros tantos tua bebida desatina.

Não a ouço, sabes tu que és ouvida?

Já, prefiro, mesmo que em vil surdina,

-Escusa-me pela Verdade sorrida-

Ir soturno a te perder ter como sina.