LUCINDA, A NOTURNA
A noite quase não se enxerga nada
do casario rasteiro que se expande,
Lucinda contempla a solidão da grande
noite profunda, noite amargurada.
Terceiro andar de um bangalô antigo
todas as noites a moça ali sentada
ante a janela rompe a madrugada
tendo o pensamento apenas como amigo.
Eis que uma noite, uma noite incerta
uns corvos riscavam o céu noturno
como se de um profundo sono se desperta.
Desde então ninguém mais notou
no velho e carcomido bangalô
algum vestígio de janela aberta.