MARTÍRIO

A névoa amarga dessa nostalgia
Insiste em me abraçar no leito algente
Prostrado, não me livro d'agonia
Ecoa do meu peito a voz plangente

Reclamo a tua face luzidia
Procuro meus faróis... Estás ausente
Da vida se apartou toda magia
Devora-me a tristeza avidamente

De risos despojado, solitário
E imerso em desespero inda folheio
As páginas alegres do diário

Sem ti, que é minha fonte de delírio
Teimoso, nutro insano devaneio
Quando permite assim esse martírio