A MÁGOA
A mágoa é a bebida que dormita
Na adega de sentir as horas frias,
Como o louco vestindo alegorias,
E a alma transpirando mais aflita.
Solidifica, arranha, brada, grita
Feito um gêiser rompendo a luz dos dias,
No silêncio a laçar as mesmas vias
Do momento que chaga a dor que evita.
É a bagagem sem tempo de partida;
Em tudo nunca acaba nem começa,
Nem para de chamar a dor, de vida.
Pois somente o perdão – o fardo leve
Principia de chamar a dor que cessa,
Pelo nome do Amor que nos descreve.