“HORA FINAL”

Sob abiofilia da morte, luto. Teme

Meu ser, ante a hora que se principia,

Minhas vísceras em cruenta agonia,

No baloiçar dos músculos, meu corpo treme.

Nos olhos água, a garganta geme,

Sinto na boca o travor da derrota.

Vejo-me, assim, já carne morta:

Os amigos levarão este breme.

Vem à minha mente um filme descolorido:

Cenas da vida, de cada momento vivido...

E assim, só, o horror me preme...

À deriva, sou eu um veleiro,

Sem rota e sem timoneiro,

Sem âncora e sem leme.

Jurandir Silva
Enviado por Jurandir Silva em 13/09/2012
Reeditado em 14/09/2012
Código do texto: T3880124
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