“HORA FINAL”
Sob abiofilia da morte, luto. Teme
Meu ser, ante a hora que se principia,
Minhas vísceras em cruenta agonia,
No baloiçar dos músculos, meu corpo treme.
Nos olhos água, a garganta geme,
Sinto na boca o travor da derrota.
Vejo-me, assim, já carne morta:
Os amigos levarão este breme.
Vem à minha mente um filme descolorido:
Cenas da vida, de cada momento vivido...
E assim, só, o horror me preme...
À deriva, sou eu um veleiro,
Sem rota e sem timoneiro,
Sem âncora e sem leme.