Anacoreta
Me desculpe porque eu sou tão solitário;
Que me adianta ser para outros solidário,
Se eu não sou assim para mim mesmo.
Há razão para eu viver jogado a esmo!
Quando eu vou observar um planetário,
Eu juro que eu me sinto como um otário,
Porque diante de tanta luz eu me abismo,
Mesmo sendo um sozinho. Apenas cismo
Se eu vejo, por um instante, um cometa.
Pois admiro sua solidão, que é uma meta.
Nessa hora não há nada que me acometa
A pensar em modificar minha triste fase;
Porque o meu viver não tem mais êxtase,
E isso que faz a solidão ser minha base.