SONETO DO POETA

O que resta ao poeta é escrever
sobre as emoções que o sufocam;
é traduzir nas palavras exatas
o que ainda não foi dito.

O que resta ao poeta é não morrer
antes que as coisas que o tocam
sejam mais do que vidas abstratas,
antes o verso livre, por fim escrito.

O que resta, pois, ao poeta,
é o que resta a ti e a mim:
falar das paixões e das dores,

falar das tristezas e dos amores,
das coisas que não tiveram fim
na vida irreal, infinita, concreta.