*Góticos*
Um corvo pousa num salgueiro. As asas
Enormemente abre: Anoitece. Esgares
De espanto e dó nas nuvens. Pelos ares
Plangem mochos de olhares cor de brasa...
Sombras de mármore de algum famoso
Busto prostram-se; Cristos e anjos frios
Guardam imensos mausoléus sombrios:
S´estendem rumo ao céu, tão suntuosos...
E os góticos, vampiros de outra raça,
Erguem à lua-cheia a áurea taça:
- "Almas deste horto, oh meus irmãos, sim, vinde!
Cantem conosco as trovas dos Malditos!"
- O luar cheira a coisas do infinito -
- " Ao vinho, ao sangue, e à morte... eis , eis o brinde!"
* versos decassílabos