O frio do corpo e da alma
Noite, chuva, vento forte, frio que dilacera o corpo
Como navalha afiada marcando a carne em finos cortes
E a solidão vindo com o vento, querendo chegar primeiro,
E como guilhotina, fazer-se verdugo da alma em cativeiro
A angustia corre entre as horas, olhar fito apenas na dor
Que chega com o frio, com o vento, expulsando um sonho
Que apesar de tanto ainda restou para fazer-se de saudade,
Querendo, talvez, acalentar a alma por toda essa maldade
Lá fora, como canção de uma só nota, a chuva cantava triste
O vento, não se sabia, se era melodia, ou um uivo atrevido
Daqueles que na noite traz fantasmas, até os já esquecidos
O corpo cortado pelo frio da chuva e do vento, sem abrigo,
A alma a render-se ao frio da solidão, fazendo-a tão carente,
E eu, como louco gritando ao mundo, instindo que sou gente
José João
07/09/2.012
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