OS BOÊMIOS
Os miolos fervem em minha cabeça
Ao ouvirem tanta zorra até a madrugada,
Fico a espera que uma voz ajuizada apareça
Dentro da madrugada fria para cessar a batucada.
Haja ouvidos nos apuros que os boêmios vivenciam
Que resistem a qualquer lei do silêncio reclamados
Por adultos e cansados trabalhadores que presenciam
Pessoas insones movidas por serem apenas rebelados.
É preciso paciência com os nossos frenéticos rapagões,
Que, no auge de suas saudáveis intemperanças, sacodem
Pelos ares grandes, horríveis e todos os tipos de palavrões.
Eles de fato não conhecem os preceitos do bem viver.
Rasgam, na volúpia, a noite pelas calçadas o quanto podem,
Encharcando a alma e soltando os pulmões a bel prazer.
DIONÉA FRAGOSO