Estação fria
Chega ao fim a estação mais fria,
Na alma, genitora das sementes de prantos,
Enraizando a teia glacial dos desencantos
Nas horas sombrias em que o vento gemia.
Parta , sugando o nevoeiro no raiar do dia,
Evapore o pálido da brancura dos mantos,
Que se fez véu nos campos dos encantos,
Onde moravam os liláceos lírios com alegria.
Chega a estação do ano mais fria ao fim,
Venham os jovens lírios com maciez de cetim,
Venham os perfumes suaves, acanhados,
Volatizando as partículas leves, tímidas,
Adeus! Palidez das brancuras repressoras, temidas,
Tomem a alma, os campos liláceos sonhados.