Doçura profunda
Há muito desejo teu corpo nobre!...
Bendito é meu pensado em teu recesso!
Finório como uma raposa; – Eu confesso!
Tu me conquistas... tu me descobres!...
E com teu jeito silente, tu me encobres!...
Com um amor maior, calado! – Inconfesso!
– Pobre de minha'lma pedinte; – desnobre!
Coração lacerado, bate no peito, compresso!
São vastos os momentos de amargura!
Sem teu lume, adoeço, fico sem cura!...
E viajo num orbe, em avesso progresso!
Mas ainda não me rendi, minha ternura!
Tu tens a doçura profunda, de rica alvura!
E eu jamais rasgarei este ingresso!
(Airton Ventania)