soneto da pergunta com resposta
há muito tempo que não abro a boca
bebo desde este tempo sempre a mesma sede
com quem divido esta solidão insondável?
com quem eu sonho esta vida lucidamente?
o dom da luz e dom indomável da fome
a cegueira dos meus dedos e o caminho intato
eu sou a fonte do meu próprio sofrimento
eu sou o antidoto o antidoping
para o veneno que meus olhos instilam
no que eu vivo
no que eu vejo
e no que eu amo
e este amor que inunda meu sangue
transforma meu coração às avessas em puro gelo
janeiro,1989