DESERTO
Areia e mais areia, esse horizonte,
estranhamente alonga e distancia
o fim dessa aridez, sem que desponte
lugar em que repouse esta agonia.
E o sol, capaz de ser da vida a fonte,
também semeia a morte em pleno dia.
Não há qualquer abrigo ali defronte;
o olhar procura um pouso e nada espia.
Deserto interminável, vasto, extenso,
talvez esconda um poço de águas claras,
que vá matar-me a sede por silêncio.
Quiçá, na solidão onde se enfara
constante a caravana do que penso,
tolere que esta dor me seja cara.