A letra e a serpente
Eis que hoje de mim mesma fui senhora,
assim tão tolamente, que assustei!
Olhava-me no espelho como outrora,
num lapso, fui-me vendo, me espreitei
de um jeito que jamais havia feito.
Havia um brilho extra e eu era aquela,
a outra, a estranha - nunca a vi direito -
que sempre esteve lá, como a aquarela
que prende-se à parede e então se esquece,
e todo mundo a vê e se acostuma.
Mas eis que hoje as duas, feito um “esse”,
serpentearam-se e se confundiram.
Sou ambas, esse “esse” e essa serpente
as metaforizaram e se viram...