Silêncio!

A morada do silêncio é meu prazer.

Eu me abandono, surdo, às bocas mudas!

O peito aberto, a carne a renascer,

dentro d’alma se esvai a mágoa aguda.

Já fora, esquecida, a dor profunda

sucumbe enlutada a me esconder

os negros frutos enganosos sob a tumba

do inacessível chão a me prender.

Então me chega a mesma voz antiga,

embora muda permaneça a boca amiga

a confundir no peito o mal intenso…

Sossego a repelir o mal fugaz

e me contento com a dor que ora jaz,

vencida febrilmente no silêncio!