Vício constante
Queria de verdade ser igual a um ganso,
Ter somente um amor para a vida inteira,
Mas não nasci para ser assim tão manso,
Sou ser volúvel, a minha face verdadeira.
O que digo não é uma completa asneira,
Se a paixão esfria, eu sempre me canso,
Pois para mim a vida é igual uma peneira,
E meu combalido coração já não amanso.
Se fosse a minha natureza um só eu seria,
E da paixão sem controle eu me conteria,
Viveria muito bem sem sofrer por dentro.
Porque se não amo eu perco meu centro,
A tristeza vai pelo meu coração adentro;
Me lanço à paixão, que é minha miséria.