A voz da poesia

A palavra que eu falei perdeu-se vaga,

percorreu estrelas no infinito espaço,

vasculhou mil almas, corações e, sem morada,

suspirou agonizante em meu cansaço.

A trajetória dessa voz eu sempre traço

pra cumprir o objetivo em cada estrada,

mas eis que almas surdas, corações de aço,

alheios à palavra, não escutam nada!

Eu quero a voz lançando ondas fatais,

reproduzindo o caos, rompendo os cristais,

tão lancinante quanto o brilho dos faróis.

Que mesmo eu morto, minha voz, de força tanta,

explodirá das cordas de outra garganta,

mas não sucumbirá à fúria desse algoz!