CONTÁGIO
 
 
 
 
Assim num momento de cinzas como este,
Quando amanhece e me acorda atazanado,
Responde, passarinho, por que escolheste
Pousar manso na varanda do meu sobrado?
 
 
Quanta surpresa para meu ermo recanto,
Se me olhas com um olhinho esmiuçado,
Agora abrindo o biquinho de quebranto
Para cantar um canto repleno de trinado...
 
 
Feito cancioneiro cúmplice e sossegado,
Festeja risonho um concerto consagrado,
Nem atina o perigo a rondar nossa varanda.
 
 
- O mal da tristeza se espalha por toda banda,
É contagioso, passarinho; vê se toma cuidado:
Antes foge, amiguinho. Voa depressa. Anda!





Milton Moreira
Enviado por Milton Moreira em 15/08/2012
Código do texto: T3832129
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