SONETO PARA O MEU PAI DESCONHECIDO

Dizem que tenho a cara de meu pai

Modo de andar, o jeito de sorrir

E como estranham por sermos iguais

Se nunca nesta vida o conheci

Enquanto abre a cerveja, tio Valdir

Me conta disto tudo e muito mais

E diz que em mim meu pai prossegue aqui

Dedilhando o violão, uma lágrima cai

E levo o mesmo gosto pelas festas

E de cantar bolero nas serestas

Ele era exatamente deste jeito

Talvez, meu tio, por não ter convivido

Eu tenha saído assim, tão parecido

Com toda a liberdade no meu peito