Pai
(Silêncio)
Ao meu pai, Milton G. Moreira.
Permanece a impressão de que saíra ontem
em viagem imprevista para um país distante.
A alma embala, nessa saudade reconfortante,
os olhos de chegada atentos para o horizonte.
Mas cada esperança vã teima e suspira forte,
vem reconstituir fragmentos do seu semblante:
imagem lenta que se incorpora cambaleante,
incluindo um sorriso bravo em desafio à morte.
Seu abraço mantém a rudez da barba no rosto,
e desfila com passos frios os degraus do alpendre.
E a sala, em reverência, espera por sua voz abatida.
É solidão a sua demora: tanto dói quanto rende;
insensível, cala a todos no vazio do homem deposto,
e nos impõe, no adeus final, o fato da despedida.
Permanece a impressão de que saíra ontem
em viagem imprevista para um país distante.
A alma embala, nessa saudade reconfortante,
os olhos de chegada atentos para o horizonte.
Mas cada esperança vã teima e suspira forte,
vem reconstituir fragmentos do seu semblante:
imagem lenta que se incorpora cambaleante,
incluindo um sorriso bravo em desafio à morte.
Seu abraço mantém a rudez da barba no rosto,
e desfila com passos frios os degraus do alpendre.
E a sala, em reverência, espera por sua voz abatida.
É solidão a sua demora: tanto dói quanto rende;
insensível, cala a todos no vazio do homem deposto,
e nos impõe, no adeus final, o fato da despedida.