Ambígua
Edir Pina de Barros


Eu trago em mim um pouco do arrebol
ensanguentando a tarde amortalhada,
da nostalgia e paz disseminada
nesse momento em que desmaia o sol;
 
eu trago em mim cantar de rouxinol
que canta por cantar (e por mais nada),
o alegre pipilar da passarada
na altiva cumeeira do paiol.
 
Eu trago em mim os tons do gris Agosto,
do leito do riacho seco e exposto,
do fogo que se espalha vorazmente.
 
Eu sou assim, um misto de alegria
e de tristeza;  paz, melancolia:
na força da vazante eu sou enchente.
 
Brasília, 11 de Agosto de 2012.

 
Livro: Poesia das Águas, pg.  101

 
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 11/08/2012
Reeditado em 18/07/2020
Código do texto: T3825294
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