Montado na Língua
Montado sobre a língua, a galope.
De estância em estância, fecho o envelope.
Não te preocupe ateu, não será novena.
Senão mais um, entre uma centena,
Dos versos que não mais são meus.
A palavra que sai da boca, molhada a cusparadas.
Pelo incrédulo vista, grafada na alva timbrada.
Deleita o pobre, o nobre, faz alegre a plebe.
Na minha alma tatuada, ninguém percebe.
Senão, falada, proferida, convertida em apogeu.
E sigo a galopear sobre a língua.
Estrofe, estrofe, estrofe, estrofe.
Antes que me leve o destino, à míngua,
Permita-me que recite em apóstrofe.
Olhe a vida linda que finda! Fodeu.