TEMPO ERA

O sentimento me reclama - e atendo -

um soneto do tempo do Parnaso.

Tenha a ardência da luz amanhecendo

e a tristeza do sol à hora do ocaso.

Traga à lembrança, este soneto ameno,

a mocidade, o sonho que fugiu.

Diga do tempo em que se foi pequeno,

correu picula, bracejou no rio.

Fale do pai, ralhando ainda que fosse,

da mãe dando um cascudo e após um doce,

do irmão e da vovó, do tempo era.

Ó coração, vai me buscar distante,

a hora primeira, o meu primeiro instante

de poesia e amor em primavera...