Soneto cíclico

Oh! que Ventura essa dos desventurados;

vós, conterrâneos que neste mundo vagueiam!

A esperar do fado acenos que vos enviam

os vilarejos de cólera carregados.

Das esquinas d'uma dor sem nome, sem rumo,

destemida no escuro, u'a estrada sem vida,

com manchas de sangue, dos escarros, ferida

feita em vossos pulmões com tragadas de fumo.

Arqueja o peito, tão cansado e doentio;

um servo quase exânime do corpo esguio

a tentar aspirar vida depois de inumo!

Exausto, junta-se ao húmus, morrendo enfim;

e lá, em vez de alma, sai todo um jardim

de jasmins, girassóis e outras vidas sem rumo…

Duda Checa
Enviado por Duda Checa em 05/08/2012
Código do texto: T3814339
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