MIGALHAS DO TEMPO

O tempo choveu em mim, migalhas mil!

Na ânsia plúmbea de passar além...

E, me viu sucumbir, e, com desdém,

Roçou-me a tez a tremular de frio!

O tempo, timoneiro, nunca aquém,

Choveu em mim: -monorrítmico abril!-

E, com o fardo às costas, quem me viu,

A caminhar friorento como quem

Treme de fome nesse itinerário?

Nesse acre, malfazejo e parco erário,

Que é a vida, essa ínfima parte

Que n'outra dimensão se completa!

E a minha sina, é a de um poeta

Que continuará com sua arte!

Miguel de Souza
Enviado por Miguel de Souza em 04/08/2012
Reeditado em 20/08/2012
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