MIGALHAS DO TEMPO
O tempo choveu em mim, migalhas mil!
Na ânsia plúmbea de passar além...
E, me viu sucumbir, e, com desdém,
Roçou-me a tez a tremular de frio!
O tempo, timoneiro, nunca aquém,
Choveu em mim: -monorrítmico abril!-
E, com o fardo às costas, quem me viu,
A caminhar friorento como quem
Treme de fome nesse itinerário?
Nesse acre, malfazejo e parco erário,
Que é a vida, essa ínfima parte
Que n'outra dimensão se completa!
E a minha sina, é a de um poeta
Que continuará com sua arte!