CONTO DA CIDADE
Fere, na face pasma, o dedo em riste
Dá contornos de ferro e de cimento
À urbana sensação de esquecimento
Dos prédios em lágrimas e chiste.
Ninguém ouviu... no cínico lamento
(Enquanto o corvo engorda com alpiste),
A testemunha solitária e triste
Tinge a vida fugindo atrás do vento.
Nas esquinas, a febre se mistura
Com os vapores cítricos da alvura
Bebida pelos olhos sonhadores.
Do homem pós-moderno que equilibra
O toque mineral de sua fibra;
Ainda conta as pétalas das flores?