A Escultura
Lá num canto da sala escondida,
Eis que vejo, não mais que de repente,
Uma estátua por todos esquecida,
Exemplar de beleza reluzente.
Inocente, a face reprimida
Faz lembrar-me você, indiferente,
Aceitando o destino de uma vida
Como fosse a vida coerente.
Acanhada tal qual a escultura,
Ofuscando seu brilho assegura
Que o amor já é coisa do passado.
Só esquece que a vida é correnteza
Que não pode negar-me sua beleza,
Afinal, eis-me aqui apaixonado.